domingo, dezembro 04, 2005

Um sonho pequenino

A grua pousou suavemente a estrutura do pontão nas águas calmas da maré cheia. Os homens encaixavam agora todas aquelas toneladas de material reaproveitado, no rebaixamento que tinham feito previamente na muralha do cais velho. Constituído por tubos, bidons, madeiras e ferros vindos da casa do seu filho, cais novo, que há muitos anos enxota as tradicionais formas de vida que em tempos ali se acolhiam, podia-se caminhar por cima dele cerca de 20 metros até terminar numa plataforma quadrada com uma escada a desaparecer no verde azulado da água.
Mais tarde, os jovens iriam sentar-se com os pés dentro de água, porque a poluição provocada pelos muitos milhares de habitantes já estava a ser encaminhada para a central de tratamento construida no monte de gesso na Barra a Barra. O meu amigo Vitor Ribeiro e dezenas de jovens remavam nos seus kayaks sem medo de apanharem mais infecções na pele.
Claro que também houve música e discursos de satisfação do Porto de Lisboa, da JFAV e da empresa de desmantelamento das carcaças que fizeram história em rios, mares e oceanos.