sexta-feira, novembro 11, 2005

Diálogos Lusófonos (cont.)

Quando há uns anos a Amália cantou um fado chamado "Fado Português", com letra de José Régio e música de Alain Oulman, saltaram os puristas gritando aqui del rei isso não é fado, hoje é um clássico de história do fado.
O "fado português" é aquele que diz assim

O Fado nasceu um dia,quando o vento mal bulia e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos que beija o ar, e mais nada,que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,à proa de outro veleiro velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,que, estando triste, cantava.

Um abraço Luis Maia

2 Comments:

Blogger Estudo Geral disse...

Eu até me parece que este blog também nasceu um dia, quando o vento nem bolia e o céu o mar prolongava, à proa de outro veleiro velava um marinheiro que estando alegre cantava.

2:38 da tarde  
Blogger jm disse...

Obrigado pela bonita maneira como vês o assunto.

4:28 da tarde  

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