sexta-feira, outubro 20, 2006


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Uma voz de flor cantava, acercou-se. Escorriam pelas vertentes das montanhas gelos quebrados e notas translúcidas de um piano-espelho, havia uma porta e uma festa, assomou-se. Alguém de longuíssimas pestanas lhe contou que se estavam a reciclar a totalidade dos momentos e as velhas hieráticas emoções. Seguidamente, era líquido que o Arco-Íris revisitaria a sua Velha-Mãe. Por isto tudo, as pombas da Terra triunfantes perscrutavam os sons galácticos de que se compunham todas as hábeis luzes dos xilofones, dos cravos e das cítaras.
É que, de cada vez que as cordas do universo eram dedilhadas, tudo reverberava em tudo, com os inevitáveis tropeções e ajustamentos, até que a nova música da Sabedoria fosse sinceramente apreciada pelas audiências – revelando-se que afinal, cada um só tinha que ser o que realmente era, - uma boa nota musical à procura de um concerto a condizer, com bom ouvido para tudo e todos.

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Eduardo Espírito Santo ( excerto de A Corrida e o Encontro de Um Dia no Cosmos)