domingo, abril 22, 2007

As Árvores e as Pedras

Era uma vez um menino cheio de ideias estranhas na cabeça. Ele achava que o infinito era pequeno e que o eterno era curto. Conversava com as Árvores e com as Pedras e ria com elas, pela magnitude que lhe contavam da Natureza.
Um dia as Árvores lhe disseram: "Sabe? No nosso Universo cada uma de nós cumpre com o que lhe cabe, pela satisfação de fazer assim. Nenhuma de nós recebe pagamento pelo que executa, senão o prazer de cumprir as leis naturais. E nenhuma de nós se exime da sua parte. Os humanos passam a sua vida a só fazer coisas que lhes resultem em dinheiro. Mas não fazem o que querem. Caiem no cativeiro da civilização, trabalham no que não gostam para ganhar a vida e perdem-na ao nada fazer de bom. Ficam infelizes e por isso tornam-se rabujentos, envelhecem e morrem. Procure você viver feliz como nós que nos alimentamos, respiramos e reproduzimos tal como nos dá prazer. Por isso, quando morremos, na verdade ficamos vivas em nossas sementes e crescemos de novo. Vá e ensine isso aos que, como você, podem ouvir as nossas palavras. Fará com isso muita gente feliz, livre da escravidão da hipocrisia."
O menino ainda era pequeno para saber a extensão do que lhe propunham as Árvores mas concordou em levar essa mensagem aos homens.
Entretanto as Pedras que até então se tinham mantido muito quietas, começaram a falar e disseram coisas aterradoras! Uma Pedra maior e coberta de musgo, o que lhe conferia um ar ancião e sacerdotal, tomou a frente das demais e falou fundo, ecoando dentro da sua alma:
"Não, você não deve cometer a imprudência de levar aos homens a mensagem das Árvores. Nós somos Pedras frias e friamente pensamos. Estamos aqui há mais tempo que elas e temos visto o transcorrer desta pequena História Universal dos humanos. Antes de você muitos receberam esta mensagem e foram incumbidos por elas de levar a felicidade e a paz que os hominídeos perderam ao erigir esse imenso templo de pedra ao deus do ouro que é a Cidade. Todos os que tentaram ajudar a humanidade foram perseguidos, difamados e martirizados, cada um conforme os costumes de sua época. Crucificados em nome da justiça, queimados em praça pública em nome de Deus e tantos outros martírios pelos quais você mesmo já passou várias vezes em vidas anteriores. Hoje você pensa que não corre mais perigo... e aceita tentar outra vez. Quanta falta de censo! Quando começar a dizer as coisas, vão primeiro tentar comprá-lo. Se você não sucumbir ao tilintar dos trinta dinheiros, então é preciso que seja realmente um forte para permanecer de pé, pois passarão a agredi-lo de todas as formas."
Mas o menino respondeu prontamente. Tomou um ramo numa das suas mãos e uma pedra na outra e bradou: "Este é o meu ceptro. E este o meu orbe. Com o vosso reino elemental construirei meu santuário e reunirei à volta os seres perfeitos, capazes de ouvir e de compreender. As rochas manterão do lado de fora os incapazes e as toras aquecerão do lado de dentro os que reconhecerem o valor do reencontro."
As Árvores e as Pedras emudeceram. Depois as Árvores o ungiram com o orvalho sacudido pela brisa e as Pedras deixaram cair em suas mãos o musgo primevo que as vestia, como que a abençoá-lo.
Nesse momento, os raios do Sol eram difusos por entre os ramos e a névoa da manhã. O menino olhou e compreendeu: se a luz fosse excessiva não ajudaria a enxergar mas sim, ofuscaria o entendimento. Então agradeceu aos ramos e à névoa. E mesmo às Pedras que o faziam tropeçar para o tornar mais atento aos caminhos que percorria. E amou a todos... até aos homens!

Do livro "Prontuário de Yoga Antigo (Svásthya Yoga)" de Prof. De Rose (dinalivro)

3 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

VIVA O 25 DE ABRIL!

11:01 da tarde  
Blogger jm disse...

Viva a Liberdade!

12:14 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Viva o Amor!

9:03 da tarde  

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